Técnico

IxD – Design de Interação, abordagem direta

Talvez você já tenha visto a sigla IxD e ficou sem entender do que se trata, pois bem, ela significa Interaction Design, ou Design de Interação (DxI), não gosto da sigla em português, seria o mesmo que utilizar uma sigla EU ou XU (Experiência do Usuário) para definir UX (User Experience), portanto vamos utilizar a sigla correta, IxD.

Mas afinal, o que é IxD? Design de Interação é a mesma coisa que UX? Certamente não.
Ao passo que a UX é a experiência final sentida pelo usuário, o IxD é a matéria que trabalha os melhores aspectos do desenvolvimento de uma boa UX, pois visa entender e compreender o usuário para criar os bons métodos na criação de um produto, no nosso caso, de uma aplicação usável, funcional e satisfatória.

Certamente são muitas as matérias da área de design, mas faço questão de trazer a vocês as mais significativas, as que mais estão agregando valor aos projetos voltados a aplicações, temas que de fato estão no auge e que constroem a melhor UX possível. Temas que foram ignorados a tempos e hoje se está dando o real valor pelas grandes empresas. E um desses temas certamente é IxD.

Como IxD é uma abordagem também conceitual, ainda há divergências sobre sua definição, você encontrará muitas idéias diferentes a respeito do mesmo tema, e se por um lado isso pode ser ruim por outro a discussão é boa, já que começa a definir um pouco mais algo que no meu ponto de vista sequer pode estar engessado, ficou confuso? Você vai entender.
Acredito que IxD estará sempre em mutação, e o motivo é simples, tudo está em mutação, vejamos abaixo o que é IxD.

Design de Interação, o nome praticamente diz tudo, ou não, depende muito do seu repertório. Interação para algumas pessoas pode ser a relação entre uma pessoa e outra, mas também é no caso do nosso tema a relação entre um usuário e um produto.
O que temos de interativo quando pensamos em relação a interfaces?
Games talvez seja a sua primeira opção, e é um dos melhores exemplos, foi lá que essa matéria se desenvolveu bastante, pois era necessário entender a relação entre o usuário e o game, seu grau de satisfação.
Quem é que nunca jogou um game e teve altos graus de felicidade mas também altos graus de fúria…  essa fúria (sentida pelo usuário) foi amplamente estudada e amenizada ao longo dos anos da história dos games, podemos dizer que a cada ano diminui a quantidade de gamers que destroem seus consoles, é fato. Isso porque houve o estudo da interação entre a relação do gamer com o jogo em si, para minizar a sensação de frustração e aumentar a sensação de satisfação.
Até aí simples, mas não é só o game que é interativo, existem diversas aplicações que são interativas e a cada dia mais e mais produtos estão se tornando interativos, em breve sua TV será interativa se já não for, interativa totalmente, com uso de recursos como Google TV ou Apple TV. Mas em breve sua geladeira ora tão pacata será interativa, e quem sabe até mesmo o seu sofá. Portanto, essa não é uma matéria que deve ser ignorada por um designer, e muito menos por alguém que desenvolve aplicações.

Lembra-se que falei que essa é uma matéria mutável? Porque? Porque a cada dia surgem novas mídias ou áreas físicas onde possa existir uma aplicação interativa, portanto a cada dia o IxD ganhará novo estudo conforme o próprio desenvolvimento da humanidade.

Mas o que de fato é interação nesse tema?
Entende-se interação a relação com o usuário, e que deve ser funcional a fim de proporcionar uma boa UX.

Portanto eu entendo (devido a minha experiência como designer) o IxD como principal intermediário entre a idéia (Conceito inicial do projeto) e a UX, ele é praticamente a ferramenta de trabalho que leva o conceito a realidade, fazendo a ponte desde a concepção da idéia do projeto até a sua realização e o contato com o usuário.

Um bom IxD tem por objetivo conseguir comunicar com eficácia a informação de uma aplicação até seu usuário, definindo o comportamento da aplicação, e claro, as interações que essa tem com o mesmo.

Você se recorda do texto que eu postei sobre a visão de UX de Shane Morris? (Desenvolvimento da UX)?

Vamos concluir a idéia, Morris fala que para se conseguir uma boa UX é necessário seguir 4 etapas:
1. Projeto Conceitual (aquilo que chamei nesse artigo de ‘idéia’)
2. Design de Informação  (não confundir como arquitetura da informação)
3. Design de Interação
4. Apresentação do Design (Criação do projeto em si)

Perceba que essas matérias se misturam um pouco no seu conceito mas são distintas pode acreditar, acontece que a fronteira entre uma e outra se mistura, ou seja, quando você estuda Design de informação perceberá que esse tema é parte de Design de Interação, e quando estuda Design de Interação perceberá que ele é a estrutura de desenvolvimento da UX.

Essa é uma parte que discordo do Morris, as estruturas por ele apresentadas tratam da relação de interação com o usuário, portanto é o próprio IxD.

O IxD estuda muita coisa, desde o ambiente onde a aplicação será apresentada (computador, totem, telão, se é dia, noite, espaço aberto, fechado, etc) até o tipo de usuário que estará utilizando.

Se eu fosse abordar o IxD em todo o seu aspecto seria muito mais que um post, aqui me reservo a tratar do tema naquilo que mais nos interessa, aplicações.

Vou ao melhor exemplo que conheço de IxD, o Agon.

O Agon é  uma rede social corporativa, no qual as pessoas de uma empresa fazem pontos ao compartilhar conhecimento, tal como faço nesse momento ao escrever esse post, portanto o que foi estudado para se chegar na sua criação?

Objetivo:
– Como motivar o compartilhamento de conhecimento

Estudo:
– Relação das pessoas com os games
– Relação do funcionário com a empresa e entre si
– Relação dos usuários com redes sociais
– Interatividade com a aplicação sem alterar a rotina (curva de aprendizado) dos seus participantes

A solução você já conhece, uma rede social corporativa que utiliza a rede social Twitter para alterar sua interface (através de tweets com hashtags específicas), que atingiu o seu objetivo de incentivar as pessoas a compartilhar conhecimento. (Perceba que antes do Agon eu sequer tinha postado nada nesse blog e você talvez nem soubesse o nome do atual designer da redspark).

Então é muito simples, não é somente o estudo típico de transições em uma aplicação (consistência e inconsistência), cores, tipografia, etc, ainda que isso seja parte e é muito significativo, o IxD vê a relação entre pessoa e aplicação, analisa o aspecto humano, social e histórico.

E o que seria isso? Como no caso do Agon foi avaliado a idade do usuário, quais ferramentas ele já utilizava, foi visto o que não deu certo nas corporações para estimular o compartilhamento do conhecimento, e como fazer de uma disputa algo lúdico.
Então a criação de um tipo de game foi algo natural, afinal, estamos todos acostumados a disputar nos games com nossos amigos, parentes etc e nem por isso ao término do mesmo ficamos rancorosos com os adversários virtuais (pelo menos não a maioria de nós). A relação de disputa no bom estilo dos games foi explendidamente bem aplicada no Agon, ainda com pontuações e interatividade via rede social, eu disse interatividade? Pois bem, é essa interação o estudo de IxD, prever como o usuário irá se comportar, procurando com isso atingir uma boa UX.

Então percebemos que para se saber aplicar o IxD é necessário um conhecimento vasto da área de sua atuação, da aplicação em si, o bom designer de interação é aquele que está profundamente alimentado de informações antigas (conhecimento histórico) e novas, dos diversos segmentos possíveis, ou seja, é alguém de fato muito, mas muito bem informado e com poder de comunicação. Sem isso ele não conseguirá facilmente aplicar um IxD.

Ainda que existam IxD mais modestos, ou seja, estudos mais simples, IxD é o estudo amplo e vasto de tudo que envolve a interação com o usuário por parte de uma aplicação.

O IxD acima de tudo se preocupa com o aspecto emocional de uma aplicação, se ela é útil ou inútil isso não diz nada, um game é inútil, mas tem valor emocional muito amplo, portanto Design de Interação visa entender a relação da aplicação (ou produto) na vida do usuário, como isso se reflete e repercute no dia a dia do mesmo.

Se através desse texto você se sentiu atraído a saber mais sobre esse tema pouco explorado ainda no Brasil, resta dizer que existem algumas poucas faculdades voltadas ao assunto, existindo inclusive uma pós-graduação, já no exterior diversas universidades abordam o tema, e existem mestrados inclusive. Porém lhe aconselho a visitar a associação IxDA (Interaction Design Association), da qual sou membro atualmente, uma boa oportunidade para você ficar antenado sobre o assunto.

Eu poderia colocar os passos do que é a profissão de Design de Interação, o que faz ou deixa de fazer, ou como se tornar um designer de interação e quais passos exatos tem essa matéria, existem diversos autores do assunto, mas meu objetivo aqui era passar toda a idéia conceitual  para que você se municie de informação interativa, sim, aquela que se liga a outras áreas do seu cérebro, pois garanto, que tópicos e passos determinados não serão facilmente lembrados, mas um texto que interage com demais informações, ou seja, com seu repertório, ficará enraizado e você se lembrará do que é IxD com facilidade. Portanto espero com isso ter interagido com demais conhecimentos que você possui fazendo que tenha tido uma boa UX ao término da leitura…

Até a próxima.

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Eduardo Horvath é UX Specialist e Designer na redspark.
Formado pela Faculdade Impacta de Tecnologia no curso Design de Mídia Digital ele atua na área de Design a mais de 15 anos.

@eduardohorvath

2 Comments

  • Fernando Valentini disse:

    Ótimo post, estou me formando agora e desenvolvo em Flex à 2 anos e desenvolvo RIA na minha opnião a 1 ano e meio. Estou realmente facinado sobre IxD desde da primeira vez que li e assisti quase todos os post o Beck. Agora estou querendo fazer uma pós na área. Gostaria de saber se existe outras além do instituto Faber Ludens aqui no Brasil? E os livros que você aconselha a ler. Abraços.

  • Fernando,
    Fico feliz por ver um desenvolvedor interessado nesse tema, certamente será um diferencial no seu perfil de trabalho. Eu por exemplo conheço poucos desenvolvedores que entendem do assunto, e quem entende se destaca e muito, como é o caso do Beck que é especializado também em UX e um dos melhores desenvolvedores que já conheci, alguém que programa consciente, e hoje em dia isso é raro.
    IxD não é muito divulgado aqui no Brasil como você sabe, fora a Faber eu mesmo só conheço esses locais:
    http://www.designdeinteracao.com.br/ (PUC de Minas)
    http://www.sanmartinbr.com.br/design.htm (Curitiba)

    Enfim, livros? Vou fazer melhor, como você não é o único que fez essa pergunta, vou postar um artigo com todos os links que conheço sobre UX e IxD e o que mais eu tiver de interessante nessa área.

    Fique atento ao blog essa semana.

    []´s

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